quarta-feira, 2 de setembro de 2020

DIÁRIO DO CONFINAMENTO – DIA # 167

 

Ao longo da tarde, venci conversas com a exatidão e o discernimento de um dia normal de trabalho, e tais andamentos produziram o terreno sobre o qual preenchi minhas obrigações de mero público serviçal – na bela definição que João Cabral de Melo Neto dera à sua própria condição de servidor público. A tarde se completou com a centena de cliques que alternaram dezenas de telas, sistemas, encaixes, rubricas, encaminhamentos, respostas, resoluções. Talvez efeito da conversa durante o almoço, quando explicava ao meu filho o que era retrabalho, nada se repetiu. De volta ao trabalho, haviam tópicos a despachar com um colega e amigo, e este, a certa altura da conversação, faz um comentário rápido sobre este Diário. Por alguns segundos, fiquei em suspensão até que ele arrematasse. Atento permaneci. Nem seria para menos, afinal, sua opinião é – e sempre foi – muito importante para o meu desenvolvimento como escritor. Como jornalista, ele ganha a vida escrevendo. E se tem algo que é preciso saber respeitar é quem aprendeu a condensar a forma, encontrar o atalho, a expressão correta, deixando, assim, o texto limpo e direto. Guilherme sempre me ajudou com os textos que produzi para nossa intranet. Falar do Diário veio a ser mais um capítulo nessa bela parceria de muitos anos, mas ao lembrarmos o mundo lá fora, entramos num poema de João Cabral: “Em vez de juízo final a mim me preocupa o sonho final”.

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