Ponte
CRÔNICAS A MEU FILHO
No centro da sala, o menino está ao piano. É hora do ensaio. Entre a Ponte de Londres e a Canção dos meninos franceses ele desfila seus dedos pelo piano de 120 anos. Nem um pouco intimidado, ele dança sentado num sobe e desce que acompanha as melodias. As teclas são duras para um menino de sete anos, mas também são como a estrada que o guia nas suas primeiras improvisações. Ele inventa entre uma música e outra. De repente ele dá um salto, apanha a pasta da escola e puxa de lá uma partitura nova e inicia a canção dos Pequenos companheiros de jogo. Pode parecer que sim, mas ele não conhece essa partitura e mesmo assim parece um brinquedo. A estrada, antes uma linha reta sem obstáculos e com pequenas ondulações, agora aparece à sua frente cheia de buracos, exige paradas, e ele para; exige suspiros e bufadas, e ele bufa. A irritação dura pouco; ele vence essa etapa, avança um pouco mais, recua, para de novo. Árduo o aprendizado musical, mas parece estar mesmo com os companheiros de jogo, jogando. Até que enfim avança e chega à ponte. Eis o pequeno trecho da música que ele ainda não domina por completo e por isso não consegue passar; mas ele não desiste, é valente, deve estar suando, e daqui, sentado, posso ver como é estreita a passagem, ele consegue atravessar a linha imaginária de teclas – a sequencia que o fará concluir, nesta tarde, essa música.
Ele pula, olha para trás (como se estivesse sentado no carro, a imagem minúscula no espelho), olha e me diz que cruzou a ponte, que ela ficou para trás.
No centro da sala, o menino está ao piano. É hora do ensaio. Entre a Ponte de Londres e a Canção dos meninos franceses ele desfila seus dedos pelo piano de 120 anos. Nem um pouco intimidado, ele dança sentado num sobe e desce que acompanha as melodias. As teclas são duras para um menino de sete anos, mas também são como a estrada que o guia nas suas primeiras improvisações. Ele inventa entre uma música e outra. De repente ele dá um salto, apanha a pasta da escola e puxa de lá uma partitura nova e inicia a canção dos Pequenos companheiros de jogo. Pode parecer que sim, mas ele não conhece essa partitura e mesmo assim parece um brinquedo. A estrada, antes uma linha reta sem obstáculos e com pequenas ondulações, agora aparece à sua frente cheia de buracos, exige paradas, e ele para; exige suspiros e bufadas, e ele bufa. A irritação dura pouco; ele vence essa etapa, avança um pouco mais, recua, para de novo. Árduo o aprendizado musical, mas parece estar mesmo com os companheiros de jogo, jogando. Até que enfim avança e chega à ponte. Eis o pequeno trecho da música que ele ainda não domina por completo e por isso não consegue passar; mas ele não desiste, é valente, deve estar suando, e daqui, sentado, posso ver como é estreita a passagem, ele consegue atravessar a linha imaginária de teclas – a sequencia que o fará concluir, nesta tarde, essa música.
Ele pula, olha para trás (como se estivesse sentado no carro, a imagem minúscula no espelho), olha e me diz que cruzou a ponte, que ela ficou para trás.
Ganhamos a tarde e mais uma música no repertório.
1 ComentÁrios:
Ed,
Em breve, imagino, que essas crônicas vão virar um novo livro!
Estão ótimas.
Abs,
Luiz Rodrigues
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