terça-feira, 3 de abril de 2012

Dr. Okey

Impossível alguém imaginar aquilo. Em qualquer lugar, menos ali – no meio da palestra? Era o Dr. Okey, o Dr. Enjoy, o meu enjoo, aquele almoço nu às quatro da tarde de uma segunda-feira indecente. William Bubboughs na cabeça, e na cabeça poucos espaço para novas ideias.
No púlpito, a verborragia dos esclarecimentos estratégicos daquele senhor que de dois em dois minutos dizia:
– Okey, pessoal?
Estávamos irritados, a garota da terceira repartição ao meu lado, essa cujo nome Vânia era; irritados porque as frequentes interrupções do Dr. Tudo Bem impedi.
Virei para o banco do outro lado:
– Tudo bem um saco, sussurrei para Valmira Galina, a musa do quarto andar.
Entre as duas, a minha concentração tropeçava no compasso da exposição do Professor Projeto, ora aqui, ora acolá, ele falava, okey, pessoal?, apontava, okey, turma?, pedia a nossa atenção, pessoal, faz sentido?; enquanto à minha frente um desses que exaltam a organização acima de tudo me pediu silêncio. Mas como podem exigir audiência, se não há o mínimo de coerência? E justo agora? Quanto eu avançava a olhos largos pelos ângulos escusos do decote da minha colega.... a da poltrona da frente. A mesma que agora pouquinho virou-se com uma senhora cara de alguém sem meias-palavras.
A tarde avança.
E eu era um lixo em termos planejamento.
Okey?

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