sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Ontem à noite

Para F.

Quando ela enfim me disse tudo que pensava sobre a minha pessoa e a mim classificou como um ser de comportamento semelhante a algum partido de centro-direita (como se inclinação de algo para um lado já não fosse o próprio lado...) eu percebi que era o início do fim.

Da noite.

Dos riscos epiléticos daquela mesa de bar.

(Eu rodando nas escarpas do território familiar cuja prima as primeiras lembranças agora me trazem eu pensei e pensei e...)

...então aí pelas onze e não sei tanto da noite de ontem eu decidi que o único caminho era a fuga; e se preciso fosse eu percorreria num jato os poucos lances de escada daquele chalé, remaria calçada adiante, para ao fim e ao meu cabo embarcar no sufoco da conversação de mais um taxista reacionário.

Eles sempre são e estão ali, a esperar.

O taxista, os riscos.

(O mesmo risco diante de mim, na mesa, paineira no ar, em algum mergulho em que eu me encontrava diante de cujo centenário o seu contorno me encantava, e eu a pensar nos tortuosos caminhos da conversa do homem do táxi...)

E enquanto eu descia as escadas do meu destino interrompido, tropeçando nos ladrilhos do calçamento em falso como passista no fim daquele baile verde, me foi impossível não perceber ao lado os ventos da época, o encanto da primavera viva do pêssego maduro, vendido, ali, em feira noturna.

Os pêssegos me levaram para casa; comprei, e sacola em mãos foi aí que embarquei no táxi iniciando a conversa sem nem mesmo deixar o rapaz da direção iniciar suas loas ao passageiro noturno.

(Eu sempre quis aprender a ouvir.)

Mas não foi ontem.

Ontem eu levei pêssegos para casa.

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