sexta-feira, 11 de maio de 2012

Canetas

Eu poderia falar durante 30 minutos sobe canetas... e não trabalhar em nenhuma indústria ou representante comercial do gênero.
Eu poderia entrar na sala do bonitão do almoxarifado e ficar horas conversando sobre os olhos verdes dele, mas preferi falar sobre canetas naquele dia.
Ali ficamos... parados em uma pergunta que não vinha.
Ele, na sua baixa inteligência, tentando compreender o sentido de uma conversa que só existia dentro de mim; eu, a trilhar campos e paisagens, lugares e encontros, esforços íntimos a garantir dentro de mim um futuro relacionamento com aquele ser de músculos e formas (e eu deveria estar falando com ele sobre futebol e mulheres, os velhos códigos masculinos...).
Eu a gaguejar materiais e canetas, preferências e cores, tentando cada vez mais uma aproximação com o homem de ferro à minha frente – e à minha frente prateleiras mal iluminadas de oportunidades.
Pedi para verificar o fluxo dos materiais de expedientes, o estoque de qualquer produto, assuntos que invariavelmente terminam em minha obsessão:
E enquanto o homem perplexo diante de mim esforçava-se em parecer tranquilo diante do chefe de voz dura ao seu redor, eu mantinha firme meu rumo incerto de aproximação.
Pedi uma caneta.
Veio logo uma caixa inteira; ao passar-me o pedido, houve desequilíbrio de sentido e as esferográficas restaram espalhadas pelo chão.
Abaixamos, juntos.
E quando a mão... foi só então que ele percebeu.
Já era tarde.

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