Legado
Ao acordar numa manhã qualquer de julho, notei uma pequena marca no
calcanhar do pé direito. Lembrou-me uma fixação destas feitas por
ação de um grampeador, e isso me deixou intrigado. Ao olhar mais
detidamente, percebi também que havia outra marca na panturrilha e
outras tantas subindo o corpo de modo que a minha barriga mais
parecia o gramado um campo de futebol, visto de cima, às vésperas
do início da partida.
A disposição tática das marcas assemelhava-se aos tantos esquemas
de jogo que eu já havia escutado ao longo de pouco mais de um mês de
Copa do Mundo.
Era hora de abandonar o futebol.
Ou esquecer grampeadores – e toda sorte de trabalho acumulado em
minha mesa.
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