Gabo
CRÔNICA
Entro. O quarto é silencioso e tem o cheiro de nascimento, de uma espécie que logo reconheço: a dos recém-nascidos. As paredes estão decoradas com motivos infantis, e estes me lembram o nenê que um dia eu tive no colo e que hoje é um menino de seis anos. A luz do quarto é suave, e assim devem ser todas as coisas que estão ao seu redor neste quarto. Meus passos são cuidadosos, lentos, sobrevôo na suavidade da decoração enquanto, distraído, passo a mão na superfície lisa do berço, sinto as cores da decoração, e elas me transmitirem uma tranqüilidade que só ali poderia conseguir. O quarto, repito, está quieto. No berço, deitado, o pequeno menino dorme o sono dos inocentes. É Gabo, o primeiro filho do meu amigo.
Ele nasceu Gabo, assim foi chamado. Gabo nasceu Gabriel, e os dois nomes vieram junto comigo, até aqui balançando na cabeça – as sílabas, as vogais, as consoantes, eu quero dizer, porque a criança é uma só – a beleza é única, sua, agora nossa. A sonoridade das palavras, o efeito mágico delas reforçam o ser vivo que tenho diante de mim e que me lembram da pergunta que eu guardei para fazer aos pais da criança – os destinatários da minha dúvida. Por que o apelido antes do nome? Por que o nome preso ao apelido? O apelido girando no mundo, sua força só, e agora, inconteste, traz em si o garbo da beleza própria. Gabo. A pergunta que eu sei que jamais farei, porque sozinho entendi, afinal, que nos dias de hoje os pais são outros, os costumes se modificam com a rapidez de muitos bits por segundo, e que certas perguntas não se fazem. Os pais deram apelido – o apelido é deles, dele.
Gabo.
Apanho-o no colo tomando o cuidado dos cristais. A pequena criatura dos meus encantos sorri, um vento que corre a largura de um oceano (nele mergulho). É Gabo, o menino cujo nome tem a força de duas fortes consoantes mas que agora me evoca a beleza, a suavidade dos anjos. Do arcanjo Gabriel que veio ao mundo nos iluminar. Observo Gabo. A inocência dos movimentos lentos de seus frágeis dedos – um dia eles ficarão fortes e dominarão o mundo. O estado de paz em seu rosto onde um rápido sorriso ele deixa escapar – e numa fração de segundo memorizo o brinde como sendo só meu. Gabo. O menino que um dia será; correndo, pulando, a chutar mundo a fora, com garra e decisão, tanto bolas como adversidades, vencendo a maior de todas as partidas – o jogo da vida – o grande acontecimento de nascer como nasceu.
Lutando.
Admiro Gabo nos poucos minutos em que ficamos juntos, a sua capacidade de se aninhar como filhote ao meu braço – o pai que fui, serei e sou – de transmitir afeto e felicidade, a capacidade de me surpreender com a pureza de um sorriso breve, assim de soslaio, de canto de boca, como sorriem os recém-nascidos.
Gabo me encanta, abraçado como está nas tramas da minha provisória dedicação, vivendo os seus primeiros dias de vida na simplicidade que todos nós invejamos – o sono, o colo, a comida, o choro, e depois, como brinde, o curto sorriso, o prêmio máximo, aquilo que mais poderia esperar hoje, na minha primeira visita.
Este é Gabo, o menino que sorri a alegria dos pais e de todos nós.
Ele nasceu Gabo, assim foi chamado. Gabo nasceu Gabriel, e os dois nomes vieram junto comigo, até aqui balançando na cabeça – as sílabas, as vogais, as consoantes, eu quero dizer, porque a criança é uma só – a beleza é única, sua, agora nossa. A sonoridade das palavras, o efeito mágico delas reforçam o ser vivo que tenho diante de mim e que me lembram da pergunta que eu guardei para fazer aos pais da criança – os destinatários da minha dúvida. Por que o apelido antes do nome? Por que o nome preso ao apelido? O apelido girando no mundo, sua força só, e agora, inconteste, traz em si o garbo da beleza própria. Gabo. A pergunta que eu sei que jamais farei, porque sozinho entendi, afinal, que nos dias de hoje os pais são outros, os costumes se modificam com a rapidez de muitos bits por segundo, e que certas perguntas não se fazem. Os pais deram apelido – o apelido é deles, dele.
Gabo.
Apanho-o no colo tomando o cuidado dos cristais. A pequena criatura dos meus encantos sorri, um vento que corre a largura de um oceano (nele mergulho). É Gabo, o menino cujo nome tem a força de duas fortes consoantes mas que agora me evoca a beleza, a suavidade dos anjos. Do arcanjo Gabriel que veio ao mundo nos iluminar. Observo Gabo. A inocência dos movimentos lentos de seus frágeis dedos – um dia eles ficarão fortes e dominarão o mundo. O estado de paz em seu rosto onde um rápido sorriso ele deixa escapar – e numa fração de segundo memorizo o brinde como sendo só meu. Gabo. O menino que um dia será; correndo, pulando, a chutar mundo a fora, com garra e decisão, tanto bolas como adversidades, vencendo a maior de todas as partidas – o jogo da vida – o grande acontecimento de nascer como nasceu.
Lutando.
Admiro Gabo nos poucos minutos em que ficamos juntos, a sua capacidade de se aninhar como filhote ao meu braço – o pai que fui, serei e sou – de transmitir afeto e felicidade, a capacidade de me surpreender com a pureza de um sorriso breve, assim de soslaio, de canto de boca, como sorriem os recém-nascidos.
Gabo me encanta, abraçado como está nas tramas da minha provisória dedicação, vivendo os seus primeiros dias de vida na simplicidade que todos nós invejamos – o sono, o colo, a comida, o choro, e depois, como brinde, o curto sorriso, o prêmio máximo, aquilo que mais poderia esperar hoje, na minha primeira visita.
Este é Gabo, o menino que sorri a alegria dos pais e de todos nós.
5 ComentÁrios:
Ed,
O Gabo despertou o pai que és. E, este, o cronista sensível que embala teus pensamentos!
[]Rubem
E parabéns ao Gabo!
aaaaaa fiquei com vontade de ver o nene deve ser fofo...
Dêga,
ao ler teu texto, chorei como no dia do nascimento do Gabo. Quando maiorzinho, tenho certeza que ele também chorará com a homenagem carinhosa do tio Dêga.
Ângela,
para orgulho do pai, o Gabito é muito querido e fofinho!
Abraços
cara, brigado mesmo pelo comentario, é o tipo de coisa que não se paga...e outra, a sensibilidade e compreensão, é sua...grande abraço
Beleza de comentário ED!
Abs
Luiz Rodrigues.
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