quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Exposição

Mexe no cabelo. O casaco abriu e fechou inúmeras vezes. Sapato, ela bate. Pode-se ver, é uma bota. Tem ainda a pintura. Destaque. Dele. Talvez haja entre eles o silicone. Farto decote a balouçar entre os espaços desta sala em que poucos, a essa hora da manhã, trabalham. Então ela fala, e fala. A voz agora soa lhe familiar, e ele, o outro em sua mesa estratégica lembra. Foi só ontem à noite aconteceu a descoberta.
Amigos. Carros. Bebidas. Todos os clichês – inclusive ela. E na chegada à Casa dos Prazeres Proibidos, o inconveniente de encontrá-la tão solícita, tão outra, tão viva. E ainda ela.
É Thaciane, a estagiária.

Orestes, o chefe, é agora um cemitério de piedade. Rosto ríspido. Entendimentos contábeis. Escassas palavras. Gestos. Pontes. Olhares. Sim, ele já prometeu, para si e para todos os santos, que hoje ele não vai olhar.
Só hoje.

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