terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Crônica aos Bons Companheiros



CRÔNICA


Para o pequeno Gabriel S.

A brincadeira era simples – e me divertia.
Nos finais de tarde em que ao longo deste ano o pequeno Gabriel Simões batia na porta de nossa casa perguntando pelo amigo dele, Mateus, meu filho, eu sempre lançava a brincadeira:
– Olha aí, a camiseta da Confederação Brasileiras de Críquete.
A referência eu fazia por causa do uniforme azul-claro e branco do colégio em que o camaradinha estudava. Costumava chegar direto de seu colégio (o CBC da sigla da camiseta), descia por vezes antes de chegar em sua casa, e quando eu abria a porta já saía dizendo:
– Camisa do Clube dos Baixistas de Canoas?
Por vezes, um tanto repetitivo, confesso, eu batia na mesma tecla:
– Camisa do Clube dos Bolicheiros de Camaquã?
Minha criatividade era parca, rasa; já o rápido sorriso, quase sempre certo de meu pequeno amigo Gabriel, eu diria, é daquelas coisas que estão fora do comércio, não tem preço.
Clichê, eu sei.
Repetitivo, também tenho ciência.
Mas de que valem as pequenas coisas na vida se não forem para minimamente nos divertirem? Mesmo que seja rápido, catorze segundos, o tempo entre o pronunciar instantâneo das minhas palavras e o rápido riso do amiguinho que chega à nossa casa com o único propósito que pode ter os miúdos: ora, divertir-se.
A vida é feita desses pequenos rasgos de memória.
A ti, Gabriel, agora em viagem além-mar, em terras outras lusitanas, acompanhado das pessoas incríveis que são os teus pais, este texto:
Crônica aos Bons Camaradas.

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