Crônica aos Bons Companheiros
CRÔNICA
Para o pequeno Gabriel S.
A brincadeira era simples – e me divertia.
Nos finais de tarde em que ao longo deste ano o pequeno
Gabriel Simões batia na porta de nossa casa perguntando pelo amigo dele,
Mateus, meu filho, eu sempre lançava a brincadeira:
– Olha aí, a camiseta da Confederação Brasileiras de
Críquete.
A referência eu fazia por causa do uniforme azul-claro e
branco do colégio em que o camaradinha estudava. Costumava chegar direto de seu
colégio (o CBC da sigla da camiseta), descia por vezes antes de chegar em sua casa,
e quando eu abria a porta já saía dizendo:
– Camisa do Clube dos Baixistas de Canoas?
Por vezes, um tanto repetitivo, confesso, eu batia na mesma
tecla:
– Camisa do Clube dos Bolicheiros de Camaquã?
Minha criatividade era parca, rasa; já o rápido sorriso,
quase sempre certo de meu pequeno amigo Gabriel, eu diria, é daquelas coisas
que estão fora do comércio, não tem
preço.
Clichê, eu sei.
Repetitivo, também tenho ciência.
Mas de que valem as pequenas coisas na vida se não forem
para minimamente nos divertirem? Mesmo que seja rápido, catorze segundos, o
tempo entre o pronunciar instantâneo das minhas palavras e o rápido riso do
amiguinho que chega à nossa casa com o único propósito que pode ter os miúdos: ora,
divertir-se.
A vida é feita desses pequenos rasgos de memória.
A ti, Gabriel, agora em viagem além-mar, em terras outras lusitanas,
acompanhado das pessoas incríveis que são os teus pais, este texto:
Crônica aos Bons Camaradas.
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