segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Karen, a estranha




O diretor me olha, e é como se me perguntasse:
– Afonso, esta não é a oitava vez?!
Era a nona.
A linda moça à nossa frente é Karen, candidata permanente ao papel principal.
E mais uma vez procuro os olhos do diretor, pois sei que ele encontrou a joia rara da Escandinávia que sempre buscou na vida. Mas Karen... Karen é muito estranha.
Chega. Quieta. Jeito tímida, meio com e sem vergonha, ela chega. E logo recebe todo carinho da equipe. Maquia-se no tempo certo. Coloca as peças que lhe entregam, e mais toalhas, demais cremes, acessórios íntimos e todo tipo proteção que o trabalho exige... Mas quando os atores chegam – e eles não são nada europeus no trato –, aproximam-se de Karen da mesma maneira que se aproximam de Sueli, Mônica ou Sinara, ela nunca entende – e recua.
Nua – ou seja lá como estiver – ela desce da cama e corre, vai embora. Deixa perfume, saudade e ainda por cima aquelas pernas.
O diretor não sabe, mas à noite Karen é só minha. E nada estranha. Mas ele já me disse que não grava à noite.

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