segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Ecos caóticos

Nesta espécie de Manhttan maranhanse, caminho em meio à multidão de pessoas, e na ponta da rua, esquina, um grito.
Devaneios no meio da confusão.
Briga, empurrão, alguém salta em acrobático pulo e corre vestido em roupas brancas por entre estreitas ruas – a multidão persegue o agressor.
Inútil.
Chego-me perto do grandão que ficou derrubado no passeio, uma parte de gentes a olhar a figura caída, enquanto o restante da massa, aos berros, corre atrás do magricela fujão.
Abaixo-me.
Pergunto está tudo bem; responde me leve para casa.
São tantas quadras, ruas, Beco dos Barqueiros, enfim a travessa. De novo algo civilizado: a avenida.
Ele aponta o outro lado da rua.
Na porta, o Minarete: 120 quilos de massa muscular bem definida.
Acima, a placa:
Karatê, Murros e Feijão.
Chegamos. O monstro com corpo de capoeirista permanece rígido diante da porta, imóvel Saturno a censurar com sua aparente frieza aquele que acaba por receber aos braços. Eis entregue aqui o aleijado parcial da briga da Rua da Boa Ventura.
Pergunto está tudo bem; responde 'eixa cuido meu amor.
Os dois se abraçam, há carinho e perdão na cena, e mesmo embalando o meu já vou, meia-volta, ainda tenho tempo de ouvir o estalo do longo beijar.
Ecos caóticos.


A partir do curta metragem de Jairo Ferreira

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