Ecos caóticos
Nesta espécie de Manhttan
maranhanse, caminho em meio à multidão de pessoas, e na ponta da
rua, esquina, um grito.
Devaneios no meio da confusão.
Briga, empurrão, alguém salta em
acrobático pulo e corre vestido em roupas brancas por entre
estreitas ruas – a multidão persegue o agressor.
Inútil.
Chego-me perto do grandão que
ficou derrubado no passeio, uma parte de gentes a olhar a figura
caída, enquanto o restante da massa, aos berros, corre atrás do
magricela fujão.
Abaixo-me.
Pergunto está tudo bem; responde
me leve para casa.
São tantas quadras, ruas, Beco dos Barqueiros, enfim a travessa. De novo algo civilizado: a avenida.
Ele aponta o outro lado da rua.
Na porta, o Minarete: 120 quilos de
massa muscular bem definida.
Acima, a placa:
Karatê, Murros e Feijão.
Chegamos. O monstro com corpo de
capoeirista permanece rígido diante da porta, imóvel Saturno a
censurar com sua aparente frieza aquele que acaba por receber aos
braços. Eis entregue aqui o aleijado parcial da briga da Rua da Boa
Ventura.
Pergunto está tudo bem; responde
'eixa cuido meu amor.
Os dois se abraçam, há carinho e
perdão na cena, e mesmo embalando o meu já vou, meia-volta, ainda
tenho tempo de ouvir o estalo do longo beijar.
Ecos caóticos.
A partir do curta
metragem de Jairo Ferreira
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