A mochila
CRÔNICA PARA MEU FILHO
O retorno às aulas é aquele estado de exaltação,
frenesi e êxtase – como este:
O ato de entregar a mochila ao filho, e dizer:
– Vê se não esquece...
Nem ouviu o resto.
– Tchau!
Já ia longe.
Decerto ali matutando, neto de sertanejo, desconfiado,
talvez já engenhando o que o pai vai ficar pensando dessas garotas a
120 km por hora apenas para lhe dizer
– Oi, …. Saudade, …. Quanto tempo, ….
Sim, meu filho, os colegas de escola costumam ficar com
saudades.
Mas ele nem ouvi esse meu pensamento porque enquanto uma
delas o puxava pelo braço, a outra veio até mim para falar sobre
aquilo de “quanto mais queijo menos queijo”, e então lembrei de
alguma postagem, dias atrás, que falava sobre a lógica do queijo
suíço.
A Suíça, este país no centro do noticiário
internacional.
Impossível seria não pensar nos milhões de mochilas,
cadernos, escolas que poderiam ser compradas com todo o dinheiro
escondido por lá... Mas hoje eu estou melodramático. Hoje estou
Raymond Carver e só consigo pensar nela.
A mochila que ele esqueceu.
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