O Bico do Pato
CRÔNICA ESPORTIVA DA SEMANA
Na primeira partida que o Sport Club Internacional jogou pelo Torneio Mundial de Clubes da Fifa, realizado no Japão, duas foram as certezas com que fiquei: a primeira é de que goleiro não pode comer (goleiro não pode nada!), e a segunda, mais absurda ainda, de que Pato tem o bico em outro lugar. Levanto essas duas proposições não porque eu queira explicar o jogo – troço chato –, e muito menos porque esteja interessado em levantar polêmica – outro troço chato -, mas sim porque para mim o jogo de futebol é como uma brincadeira, um evento absurdo, carregado de dramas e especulações, mesmo que muitos o tenham como algo sério (principalmente os que ganham dinheiro com ele). Mas como acreditar que o técnico colorado é sério quando ele deixa no banco pelo menos dois titulares: o goleiro Renan e o volante colombiano Vargas. Absurdo.
Na primeira partida que o Sport Club Internacional jogou pelo Torneio Mundial de Clubes da Fifa, realizado no Japão, duas foram as certezas com que fiquei: a primeira é de que goleiro não pode comer (goleiro não pode nada!), e a segunda, mais absurda ainda, de que Pato tem o bico em outro lugar. Levanto essas duas proposições não porque eu queira explicar o jogo – troço chato –, e muito menos porque esteja interessado em levantar polêmica – outro troço chato -, mas sim porque para mim o jogo de futebol é como uma brincadeira, um evento absurdo, carregado de dramas e especulações, mesmo que muitos o tenham como algo sério (principalmente os que ganham dinheiro com ele). Mas como acreditar que o técnico colorado é sério quando ele deixa no banco pelo menos dois titulares: o goleiro Renan e o volante colombiano Vargas. Absurdo.
Alexandre Pato, a nova revelação do clube, é titular incontestado, deste e de qualquer outro time. Pelo menos isso aconteceu em Tokyo – ele jogou uma bola redonda; até onde pôde, é claro, pois se levarmos em conta a desorganização intestinal do time, ele jogou um partidaço. O gol que o atacante Pato marcou está lá, gravado nas câmeras do mundo inteiro, a mostrar, a nós e ao mundo, que ele tem categoria. Uma promessa para os corações colorados, tão acostumados com tragédias e decepções coletivas.
Levantei, contudo, o primeiro problema que constatei no jogo de hoje porque sempre fico preocupado com o goleiro (esse meu humanitarismo com o guarda-metas às vezes cansa o leitor): o problema de que o goleiro não pode comer. Para ser mais preciso, goleiro não pode nada: nem caminhar feito lorde, nem voar pelo espaço sideral, tampouco ver estrelas, filosofar, qual o sentido da vida?, essas coisas. Essencialmente, o goleiro não pode perder a concentração no jogo. Clemer, o Contestado, fez no Japão novamente das suas: uma defesa cinematográfica alternada com uma trapalhada. Como um banhista que assoma à praia, como alguém que está entrando numa piscina de bermudas e chinelo, alguém fora do jogo, portanto, Clemer, no momento do gol sofrido, voltava tranqüilamente para sua área como alguém que estivesse em férias: de costas não viu a rapidez da reposição de bola, nem o cruzamento e muito menos a cabeceada ridícula do atacante egípcio no meio do gol que o pegou adiantado. Por isso digo que goleiro não pode fazer nada de diferente – caminhar na praia nem pensar.... Com o gol sofrido (o empate do time egípcio), Clemer e a defesa colorada inauguram a fase Tarkowskiniana da partida: "O Sacrifício". Nossa defesa deveria jogar no Dallas Cowboy.... Futebol americano, fique claro.
Foi preciso que o atacante colorado, Alexandre Pato, além do gol, tivesse um momento de magia durante a partida, e num lançamento mais longo, em profundidade, pela ponta direita, conduzisse a bola dando três bicada com o ombro na bola, e um toque de letra com o tornozelo direito, levando-a colada junto ao corpo até a linha de fundo. Uma jogada de mestre, um lance que valeu a partida; um toque cinematográfico de mestre – o "Esplendor" de uma projeção que vira artista – um brilho eterno de uma mente sem lembranças – esquecer o goleiro – que agora me faz lembrar que talvez o bico de Pato Alexandre esteja localizado em outro lugar.
Talvez no ombro.
Porto Alegre, 13 de dezembro de 2006.
Porto Alegre, 13 de dezembro de 2006.
2 ComentÁrios:
Tem um cara que trabalha comigo que se chama Pato. Pois bem, hoje ele recortou uma manchete que era uma frase do Fernandão: "o Pato vai explodir, mas não pode carregar muita pressão" (ou algo do tipo) para exibir em momentos de estresse. Foi uma bicada engraçada
Grande Guto!!!
Todos deveríamos ter placas em nossas salas de trabalho, nas mesas ou parede, com avisosdo tipo: "não dê comida aos animais" / "não toque - frágil"/ "cuidado que mancha" / "perigo - explosivo".
Ou aquela clássica, dita por um amigo meu poeta:
"Sei lá, mil coisas".
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