Árvore Branca
CRÔNICA DE NATAL
A árvore de Natal perfeita é a branca. Nos meus sonhos ela é branca, reflexiva, iluminada. Em si comunicando a calma túmida e cristalina da neve. A minha paixão natalina é uma árvore enterrada em neve, folhas, galhos, tronco, tudo em branco. Mas é um sonho. Sim, porque chega a época de Natal e é sempre a mesma coisa: todos preferem o verde profundo, para mim pouco comunicativo, escuro demais.
Na casa de minha mãe nunca pude decidir a cor da árvore, e os pinheiros de natal sempre foram bastante coloridos. Chegava dezembro, lá estava montado o cantinho dos presentes, a árvore, os enfeites de todas as cores. Era um tumulto de vermelho, verde e dourado. E luzes – muitas luzes - minha mãe adorava iluminar o pinheiro, mas não gostava do branco, dizia que era enjoativo. Montava o “pinheirinho” – nome carinhoso que dávamos a ele – e ficava mais enfeite do que verde. E luzes. Eu ficava fascinado pela comunicação das lâmpadas, o pisca-pisca, o acordo feito entre elas para brilharem, cada uma de uma vez. Eu dormia tarde só para ver as luzes da casa apagadas e a sala luminosa, piscando. E depois que minha mãe desligava tudo, a sala voltava ao normal, uma escuridão que existia durante o ano todo.
Chegava Natal, e tudo era luz. A intermitência das luzes piscando nos olhos do menino que fui. Sentado num canto, olhando aquela árvore e o excesso de brilho e cores. Fascinando, procurando o branco. Olhando aquelas cores todas e imaginando uma árvore cheia de flocos de neve. O branco: a soma de todas as cores. Nas lojas, quando saía, eu procurava as árvores brancas, e elas sempre se destacavam na paisagem das vitrines; um tanto estranhas naquele mundo colorido das festas de final de ano: o verde, o vermelho e o dourado repetindo-se de maneira incessante, monótona. O branco reflete intermitências.
De criança, ficou o costume: todo ano eu visito as lojas que vendem temas para o Natal. Fico lá, olhando, imaginando levar para casa o monumento à neve recém caída, montado, grandioso, dominando a cena na vitrine. Feito uma majestade siberiana, eis a árvore dos meus sonhos. Eu só queria colocar um pouco de luz na minha infância.
Chego, e na sala ela está imponente: a grande árvore verde. Nosso filho ajudar a montar.
Na nossa casa, a sala é bastante clara e iluminada, as janelas são grandes, o piso é marfim, as paredes são brancas, lisas, espaços a serem ocupados, e mesmo os móveis, eles estão em harmonia com toda essa claridade, quebrada, de leve, por um quadro colorido ao centro. Acredito que seja por isso que ainda não consegui convencer ninguém aqui em casa de que uma árvore de natal branca ficaria espetacularmente bela.
Na casa de minha mãe nunca pude decidir a cor da árvore, e os pinheiros de natal sempre foram bastante coloridos. Chegava dezembro, lá estava montado o cantinho dos presentes, a árvore, os enfeites de todas as cores. Era um tumulto de vermelho, verde e dourado. E luzes – muitas luzes - minha mãe adorava iluminar o pinheiro, mas não gostava do branco, dizia que era enjoativo. Montava o “pinheirinho” – nome carinhoso que dávamos a ele – e ficava mais enfeite do que verde. E luzes. Eu ficava fascinado pela comunicação das lâmpadas, o pisca-pisca, o acordo feito entre elas para brilharem, cada uma de uma vez. Eu dormia tarde só para ver as luzes da casa apagadas e a sala luminosa, piscando. E depois que minha mãe desligava tudo, a sala voltava ao normal, uma escuridão que existia durante o ano todo.
Chegava Natal, e tudo era luz. A intermitência das luzes piscando nos olhos do menino que fui. Sentado num canto, olhando aquela árvore e o excesso de brilho e cores. Fascinando, procurando o branco. Olhando aquelas cores todas e imaginando uma árvore cheia de flocos de neve. O branco: a soma de todas as cores. Nas lojas, quando saía, eu procurava as árvores brancas, e elas sempre se destacavam na paisagem das vitrines; um tanto estranhas naquele mundo colorido das festas de final de ano: o verde, o vermelho e o dourado repetindo-se de maneira incessante, monótona. O branco reflete intermitências.
De criança, ficou o costume: todo ano eu visito as lojas que vendem temas para o Natal. Fico lá, olhando, imaginando levar para casa o monumento à neve recém caída, montado, grandioso, dominando a cena na vitrine. Feito uma majestade siberiana, eis a árvore dos meus sonhos. Eu só queria colocar um pouco de luz na minha infância.
Chego, e na sala ela está imponente: a grande árvore verde. Nosso filho ajudar a montar.
Na nossa casa, a sala é bastante clara e iluminada, as janelas são grandes, o piso é marfim, as paredes são brancas, lisas, espaços a serem ocupados, e mesmo os móveis, eles estão em harmonia com toda essa claridade, quebrada, de leve, por um quadro colorido ao centro. Acredito que seja por isso que ainda não consegui convencer ninguém aqui em casa de que uma árvore de natal branca ficaria espetacularmente bela.
Muito claro.
5 ComentÁrios:
Muito bonito!!! Ah,as "remembranças"... fonte inesgotável...
Muito bonito!!!
Gostei deste! Acho que este vai ser universal, hehe... Vai trazer à tona lembranças de Natal da infancia de cada um... As minhas: árvores de Natal de verdade, verde portanto, mas muito alta, que ia até o teto, com bolinhas lindamente decoradas trazidas da Alemanha pelos ancestrais imigrantes, presepio com figuras alemãs, sabores e cheiros de biscoito de Natal.. A massa preparada pela avó ou pela mãe, e o momento ansiosamente esperado pelas crianças: cortar a massa espichada em formatos natalinos, e depois de assados decorar os biscoitos com glacê e açucar colorido...
Tecna
Nada como conhecer o autor pessoalmente e a obra antes de ser lançada!!!!
Ficou dez! Mesmo que tu não consigas montar uma árvore branca na tua sala, o importante é que ela nunca morra dentro de ti.
E eu... que moro sozinho e não consegui comprar uma árvore branca que vendiam no Continente porque esgotaram num ápice. :)
Como farei?
Este comentário foi removido pelo autor.
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