DP
Inspirado numa história de bar
Outra vez nas ruas – à procura.
Durante anos, sozinho, nenhum outro
divertimento que não fosse a lembrança daqueles gloriosos dias, a dois; noutros a três, fosse quatro só o
desempenho em cena contava.
Agora pelas ruas, o circuito sinuoso
pelas ruas internas do Bairro dos Prazeres/Brás, em busca... Sim, em busca
dela, a parceira.
Foram anos e anos de produção nos
ambientes mais escusos da indústria cinematográfica. Os companheiros de set. As
beldades. Ela. A delegada. Minha carreira interrompida – e toda produção
abruptamente encerrada, no auge, por conta daquela brincadeira.
Meus amores na delegacia.
Dois bandidos. A delegada. Eu
fazendo o papel de durão, comandando a cena. A três.
Então alguém da Corregedoria não
gostou; censuraram o filme; acabaram com a produção.
Faltava fechar a Boca do Lixo.
Fecharam. Anos 1980. Repressão.
Agora nas ruas, giro minha ânsia em
busca da garota perfeita, o par, apelo sexual que ainda me move, dez ou doze
comprimidos por dia, ainda consigo constituir isto: o desejo.
Encontro-a no semáforo. Reconheço. Trinta
anos esta noite. Arrancamos juntos, persigo, pelas ruas deste bairro, e depois
de quadras – aquilo:
Ela
para, estaciona, vejo, miragem, talvez sim, quem sabe não é a filha da
delegada, ou da atriz que fazia a delegada naquele filme pornô eternamente
censurado.
0 ComentÁrios:
Postar um comentário
<< Home