Não alimente o hipopótamo
A placa dizia:
– Não alimente o hipopótamo.
Eu estava no centro histórico de tudo: o da minha organização. Aguardando a chegada de um conhecido, dali observava os cidadãos que entravam no prédio em busca de justiça. Também reparei no aviso que, dias atrás, haviam colocado para alertar os desavisados visitantes, os loucos de todo o gênero que subiam os lances de escada que nos separarem do resto do mundo – a população – nós, os animais enjaulados nesta repartição de pecados – proibidos que estávamos de alimentar o hipopótamo.
Observei um cidadão brasileiro subindo.
Minutos depois, descendo: é difícil conseguir algo da via pública.
Sem perceber que no sentido contrário dele chegava O Redentor, o cidadão em busca do seu direito sorri para a autoridade que avançava os degraus.
O alimento.
O equívoco.
Pronto: ele estava alimentado – preparado para sentar no cocho de sua sala refrigerada e assinar dúzia de papéis de valor duvidoso – do ponto de vista ético – mas era sabido dos que cuidam o zoológico humano que depois de alimentado com a simpatia cidadã ele certamente iria azucrinar com a vida de alguém, andares abaixo, outros tantos, acima. Na verdade não importa a direção.
O que importa é não alimentar o hipopótamo.
Ninguém o suporta nas reuniões da tarde.
– Não alimente o hipopótamo.
Eu estava no centro histórico de tudo: o da minha organização. Aguardando a chegada de um conhecido, dali observava os cidadãos que entravam no prédio em busca de justiça. Também reparei no aviso que, dias atrás, haviam colocado para alertar os desavisados visitantes, os loucos de todo o gênero que subiam os lances de escada que nos separarem do resto do mundo – a população – nós, os animais enjaulados nesta repartição de pecados – proibidos que estávamos de alimentar o hipopótamo.
Observei um cidadão brasileiro subindo.
Minutos depois, descendo: é difícil conseguir algo da via pública.
Sem perceber que no sentido contrário dele chegava O Redentor, o cidadão em busca do seu direito sorri para a autoridade que avançava os degraus.
O alimento.
O equívoco.
Pronto: ele estava alimentado – preparado para sentar no cocho de sua sala refrigerada e assinar dúzia de papéis de valor duvidoso – do ponto de vista ético – mas era sabido dos que cuidam o zoológico humano que depois de alimentado com a simpatia cidadã ele certamente iria azucrinar com a vida de alguém, andares abaixo, outros tantos, acima. Na verdade não importa a direção.
O que importa é não alimentar o hipopótamo.
Ninguém o suporta nas reuniões da tarde.