segunda-feira, 6 de maio de 2013

A placa

CRÔNICA

Há anos sonhava com a placa, e vejo agora que finalmente a colocaram ali, na calçada, diante da porta da minha casa:

                                       T R I S T E Z A

Constato isso, ainda na rua.
É quando ao meu lado encosta um sujeito de sotaque e aparência distante, quem sabe veio de longe, de outras terras, agora a me acionar :
– Alguém consegue viver feliz num lugar com esse nome?
Estranho este ser sujeito existência incompleto de tamanha absurda pergunta de cuja boca sai tal tamanho impróprio vilipêndio comentário.
Olho em mim, e ao meu redor rondando o ódio: certeza.
Ahã.
Sei.
Sei que é certo também que estou entristecido porque os meus amores todos – aquela placa – é agora alvo da zombaria de um não-sei-quem-meio-forasteiro, me disse morador de Solidão das Almas, pode uma alma viver morar em colidente solidão?