Sentido único
Há uma placa de trânsito apagada na parede de mármore da lateral
do prédio da Prefeitura. Todos os dias por ali passo e me é quase
impossível não perceber a falta de sentido de uma sinalização
apagada e em desuso (a rua há muito tempo tem outro sentido...). E
todos os dias a placa é como se fosse um novo convite para eu entrar
por aquela via, mas confesso que me seria também impossível cruzar
outra vez por ínvios caminhos – espécie de imposição de sentido
único –, onde nas últimas vezes em que ingressei eu tive
calafrios e engasguei. Ao lembrar que foi ali naquele beco agora
escuro que ela me espichou um adeus, abanou – e nunca mais voltou.