segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Amendoim

 Poucos sabem – os passageiros apenas passam – e se inventar de o avião cair mesmo, merda, ninguém aqui dentro vai saber o que fazer primeiro para se safar.
Pessoa nenhuma presta a atenção na pê que eu falo.
Mas, chegada a outra hora, derradeiro, todos sabem que há pacotinhos de amendoim no voo raso de duas horas; e quando vem a calhar de não ter o tal aperitivo dos deuses masculinos, são olhares domingueiros de frustração a cada duas poltronas...
Nesses dias, guardo sempre alguns pacotes de reserva, porque sei, lá adiante, alguém sempre pede. E
Trate logo /
Esta gente
Porque em algum lugar sempre sangra”
E é por isso eu sei que além de aeromoça e salvar vidas, eu salvo casamentos.
Ou destruo – depende do voo que se quer dar.



citação incidental: Paulo Scott

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Mercado público

 Encontrei um amigo da São Paulo dos Corações Solitário, e ele me disse – estou de volta ao mercado.
Entendi como uma senha, a mesma de outras festas, e no mesmo instante fui convidando – fica comigo.
Sua expressão era de dúvida.
Incrédulo nos sinais.
Também fiquei balançando em meus rompantes de menino excluído quando ele mencionou não exatamente disponibilidades e reencontros, mas frutas e legumes, madrugadas tantas em busca de outro tipo mercadoria, além daquela feira diárias de pessoas indo e vindo em sua banca em busca de algum tipo de negociação.
A nossa, tensão.
Tudo porque eu estava pensando noutras multidões, num certo baile funk meses atrás, todos nós bem próximos no ritmo / balada / dance, e o mercado de beijos, braços e pernas, enlace de massas e músculos.
Eu e Carlos, Carlos e eu.
Indescritível prazer – e agora ele me diz que nunca mais aquelas aproximações, ele me diz que não faz mais daquilo, que volta à feira, madrugadinha cedo no mercado, que não está mais público.

Púbis saber.