Agraciação
A velocidade era um fato.
Placas, sinalização, vultos, vagas lembranças vencidas, não lidas, luzes, cores, painéis; um excesso de tudo, de todos, o desencanto por uma tal existência – a falta de sentido registrada na velocidade de seu carro – e os outros ficaram para trás – e suas mãos grudadas ao volante – e algum desentendimento ali atrás, no bar.
Na direção, ele
Um artista procurando a obra perfeita:
Perfeição
Hoje, ali, adiante
À sua frente, um fato tardio e de ação lenta.
Noite após noite, os amigos deixavam aquele outro atirado em uma mesa no fundo do bar – ele sempre fora o último, o esquecido, o olvidado, e o fato passou desapercebido pelos dono da casa mais uma vez
Na perdição dos vários copos vazios, agora invisíveis, ele saíra porta afora, minutos antes, e agora cambaleava.
Junto levava a memória do abandono
E por ruas enlameadas e calçadas sujas, ele
Hoje sozinho
Nesta estrada
Luzes, carros; velocidade, violência; desequilíbrio
No último gesto, ele abana (seria alguém conhecido vindo buscá-lo?)
E por esses caminhos perigosos em beira de estradas...
No escuro do fim de mais uma noite
Este é mais um alguém
Rápido, ele seguiu na estrada de sua perdição – exagero que lhe coube em pensamento
E na ação apenas aquilo – um acelerador
A certeza tinha o peso e a forma de um convite de alguém que caminha à beira da berma e abana
Ele mais ele
E a certeza de que o prazer dura uma fração de segundo.
Basta esquecer.
E pisar fundo.
Também confuso, e não tão rápido, ele vê o carro avançar em sua direção.
Luzes – que este outro só viu quando tudo no mundo já era para ele escuridão.
E neste dia, no meio da noite, um encontro.
Agraciação entre os corpos
(a indiferença instala-se pelo esquecimento; o abandono começa no bar)
Obviedades esquecidas
À beira do acostamento, ele ainda carregava o sorriso e os passos de um bêbado qualquer, daqueles que trazem consigo perdidas memórias, de quem foi, de quem poderia ter sido.
Na direção, um outro sorriso, em outra pessoa, e a certeza da execução perfeita de uma arte antiga e cruel.
Pessoa nenhuma viu.
Placas, sinalização, vultos, vagas lembranças vencidas, não lidas, luzes, cores, painéis; um excesso de tudo, de todos, o desencanto por uma tal existência – a falta de sentido registrada na velocidade de seu carro – e os outros ficaram para trás – e suas mãos grudadas ao volante – e algum desentendimento ali atrás, no bar.
Na direção, ele
Um artista procurando a obra perfeita:
Perfeição
Hoje, ali, adiante
À sua frente, um fato tardio e de ação lenta.
Noite após noite, os amigos deixavam aquele outro atirado em uma mesa no fundo do bar – ele sempre fora o último, o esquecido, o olvidado, e o fato passou desapercebido pelos dono da casa mais uma vez
Na perdição dos vários copos vazios, agora invisíveis, ele saíra porta afora, minutos antes, e agora cambaleava.
Junto levava a memória do abandono
E por ruas enlameadas e calçadas sujas, ele
Hoje sozinho
Nesta estrada
Luzes, carros; velocidade, violência; desequilíbrio
No último gesto, ele abana (seria alguém conhecido vindo buscá-lo?)
E por esses caminhos perigosos em beira de estradas...
No escuro do fim de mais uma noite
Este é mais um alguém
Rápido, ele seguiu na estrada de sua perdição – exagero que lhe coube em pensamento
E na ação apenas aquilo – um acelerador
A certeza tinha o peso e a forma de um convite de alguém que caminha à beira da berma e abana
Ele mais ele
E a certeza de que o prazer dura uma fração de segundo.
Basta esquecer.
E pisar fundo.
Também confuso, e não tão rápido, ele vê o carro avançar em sua direção.
Luzes – que este outro só viu quando tudo no mundo já era para ele escuridão.
E neste dia, no meio da noite, um encontro.
Agraciação entre os corpos
(a indiferença instala-se pelo esquecimento; o abandono começa no bar)
Obviedades esquecidas
À beira do acostamento, ele ainda carregava o sorriso e os passos de um bêbado qualquer, daqueles que trazem consigo perdidas memórias, de quem foi, de quem poderia ter sido.
Na direção, um outro sorriso, em outra pessoa, e a certeza da execução perfeita de uma arte antiga e cruel.
Pessoa nenhuma viu.